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OB-CHOICE - Estudo de Linhagens Nelore

Roberto D. Sainz (1), Cláudio de U. Magnabosco (2), Fernando Manicardi (3)

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    Introdução


    A Marca OB vem desenvolvendo há alguns anos projetos nas áreas de Recursos Genéticos Animais e Melhoramento Genético. Em Recursos Genéticos vem envidando esforços e recursos próprios há mais de 30 anos visando preservar, conservar e aumentar a variabilidade genética da raça Nelore. Na área de Melhoramento Genético, o seu trabalho de pesquisa e desenvolvimento se concentra nas raças Nelore e Brahman. Estando associada ao programa Nelore Brasil - PMGRN, desde 1998 e ao programa de melhoramento genético de zebuínos da ABCZ desde 1997.

    A Marca OB considera que a variabilidade genética é fundamental para o melhoramento genético da raça Nelore, pois onde não ha variabilidade genética não existe uma resposta a qualquer ação de seleção. Pecuaristas pioneiros introduziram o Nelore no Brasil até a década de 60. Apesar do esforço empreendido por estes pecuaristas, verifica-se um estreitamento da base genética destas populações, isto é, os reprodutores disseminadores de genes (material genético), se restringiram a um pequeno número de animais. Em níveis elevados, este fato pode acarretar uma diminuição do potencial produtivo desse valioso material genético, com possibilidade de trazer sérias consequências para a pecuária zebuína nacional em médio prazo. Em uma ação exemplar de iniciativa privada a Marca OB vem usando e multiplicando esse material genético de forma cientificamente orientada contando atualmente com um Banco Ativo de Germoplasma - BAG que contem sêmen desses genearcas e de seus descendentes diretos. Foi feito um trabalho de caracterização genética para uma identificação mais acurada possível do material genético estocado nesse Banco de linhagens da Marca OB ou simplesmente BAG OB. Atualmente foram identificadas, conservadas e utilizadas nas fazendas da Marca OB, 19 linhagens com sêmen de 167 touros, sendo que 96% desses touros tem informação de genealogia completa e em sua grande maioria, contam até com a avaliação genética calculada na forma de DEPs, considerando várias características de interesse econômico, tais como, habilidade maternal, fertilidade e crescimento.

    No entanto, é desconhecido o potencial dessas linhagens em relação à qualidade da carne produzida. É sabido que a carcaça da raça Nelore apresenta grandes variações quantitativas e qualitativas, e se existe uma grande heterogeneidade entre as carcaças produzidas em um rebanho dentro da mesma raça Nelore, uma das causas genéticas poderia ser o fato de essas carcaças pertencerem a diferentes linhagens.


    Objetivos


    Este projeto tem como objetivo a caracterização das principais linhagens da raça Nelore em relação a si mesmas e em comparação com cruzamentos com raças zebuínas e taurinas. As características a ser avaliadas incluem o crescimento pré- e pós-desmame, a precocidade de acabamento, a qualidade da carcaça e a qualidade da carne.


    Materiais e métodos


    3.1. Material genético


    3.2. Manejo - recria, confinamento e terminação


    3.3. Abate e amostragem


    3.4. Qualidade da carne


    3.5. Genoma funcional


    3.6. Avaliações genéticas


    Resultados preliminares


    Os pesos ao desmame foram superiores em bezerros machos relativos às fêmeas (+10%), e em bezerros Brahman x Nelore e Angus x Nelore sobre Nelore (+13%, Tabela 1). Não houve diferença significativa em peso ao desmame entre as linhagens Nelore (Tabela 2).

    Para fins de comparação, os dados de sobreano foram ajustados a uma idade média (423 dias) mediante a análise de covariância. Os pesos ajustados foram superiores (P < 0,05) para os bezerros oriundos de touros Angus, seguidos dos filhos de Brahman, com os filhos de touros Nelore sendo inferiores aos demais (Tabela 3). Como havia de se esperar, os machos pesaram mais (+25 kg, P < 0,05) do que as fêmeas de todos os grupos genéticos. Estas diferenças em peso vivo foram consequência de ganhos de peso superiores em filhos de touros Angus (P < 0,05), em relação aos filhos de touros Brahman e Nelore, os quais tiveram ganhos similares (P > 0,05; Tabela 4).

    Dentre os animais puros Nelore, houve uma tendência (P < 0,10) para pesos maiores para os animais da linhagem Godhavari, e menores para os Bima (Tabela 5), mas estas diferenças não foram estatisticamente significativas. Também não houve diferença significativa entre as linhagens para ganho de peso pós-desmame (Tabela 6). Os machos Nelore tiveram pesos (+ 36 kg, P < 0,05) e ganhos de peso (+29%, P < 0,05) superiores às fêmeas (Tabelas 5 e 6).

    Quanto à precocidade sexual, os bezerros filhos de touros Angus apresentaram circunferências escrotais (CE) maiores (P < 0,05) em relação aos zebuinos, os quais não diferiram entre sí (Tabela 7). Não houve diferenças significativas em CE entre os animais das diversas linhagens Nelore (Tabela 8). Até hoje, foram identificadas somente doze novilhas que já haviam demonstrado o cío, isto é, que foram marcadas pelo rufião. Dez são filhas de touros Angus, e duas são Nelore.

    Tabela 1.
    Peso de desmame de bezerros machos e fêmeas Nelore, Brahman e Angus (idade média 260 dias)
    Raça Machos Fêmeas Média
    Angus x Nelore 217 204 210x
    Brahman x Nelore 223 198 210x
    Nelore 197 176 186y
    Média 212a 192b 192
    a,b Médias na mesma linha com superescritos diferentes são diferentes (P < 0.001)
    x,y Médias na mesma coluna com superescritos diferentes são diferentes (P < 0.001)


    Tabela 2.
    Peso de desmame de bezerros de sete linhagens de Nelore
    Linhagem Número Peso
    Akasamu 24 181
    Bima 8 171
    Godhavari 33 197
    Golias 48 185
    Karvadi 58 188
    Nagpur 35 185
    Taj Mahal 35 184
    Desvio Padrão 241 25



    Tabela 3.
    Pesos (kg) aos 423 dias para bezerros de três grupos genéticos
    Grupo Genético Machos Fêmeas Média
    Angus x Nelore 310 292 301x
    Brahman x Nelore 291 270 280y
    Nelore 267 231 249z
    Média 289a 264b 259*
    a,b Médias na mesma linha com superescritos diferentes são diferentes (P < 0,05)
    x,y,z Médias na mesma coluna com superescritos diferentes são diferentes (P < 0,05)
    * A média geral reflete o número maior de bezerros Nelore


    Tabela 4.
    Ganhos de peso (g/dia) pós-desmame até os 423 dias para bezerros de três grupos genéticos
    Grupo Genético Machos Fêmeas Média
    Angus x Nelore 587 545 566x
    Brahman x Nelore 437 413 425y
    Nelore 439 353 396z
    Média 488a 437b 450*
    a,b Médias na mesma linha com superescritos diferentes são diferentes (P < 0,05)
    x,y,z Médias na mesma coluna com superescritos diferentes são diferentes (P < 0,05)
    * A média geral reflete o número maior de bezerros Nelore


    Tabela 5.
    Pesos (kg) aos 423 dias para bezerros de sete linhagens Nelore
    Linhagem Machos Fêmeas Média
    Akasamu 262 237 249
    Bima 252 214 233
    Godhavari 277 240 258
    Golias 261 236 248
    Karvadi 269 231 250
    Nagpur 267 220 243
    Taj Mahal 272 227 250
    Média 266a 230b 248
    a,b Médias na mesma linha com superescritos diferentes são diferentes (P < 0,05)


    Tabela 6.
    Ganhos de peso (g/dia) pós-desmame até os 423 dias para bezerros de sete linhagens Nelore
    Linhagem Machos Fêmeas Média
    Akasamu 405 400 403
    Bima 422 260 341
    Godhavari 440 328 384
    Golias 431 366 399
    Karvadi 434 363 398
    Nagpur 439 346 393
    Taj Mahal 480 333 407
    Média 444a 343b 394
    a,b Médias na mesma linha com superescritos diferentes são diferentes (P < 0,05)


    Tabela 7.
    Circunferência escrotal (CE, cm) aos 423 dias para bezerros de três grupos genéticos
    Grupo Genético CE, cm
    Angus 27,0x
    Brahman 23,3y
    Nelore 22,1z
    Média 22,7*
    x,y,z Médias na mesma coluna com superescritos diferentes são diferentes (P < 0,05)
    * A média geral reflete o número maior de bezerros Nelore


    Tabela 8.
    Circunferência escrotal (CE, cm) aos 423 dias para bezerros de sete linhagens Nelore
    Linhagem CE, cm
    Akasamu 22,9
    Bima 20,3
    Godhavari 22,2
    Golias 21,3
    Karvadi 22,7
    Nagpur 22,2
    Taj Mahal 21,6
    Média 22,1


    Equipe:


    Albino Luchiari Filho
        Universidade de São Paulo / Pirassununga-SP
    Antonio Carlos Silveira
        Universidade Estadual de São Paulo / Botucatu-SP
    Claudio Ulhôa Magnabosco
        Embrapa Cerrados / Planaltina-DF
    Dante Pazzanese Lanna
        Universidade de São Paulo / Piracicaba-SP
    Luis Artur Chardulo
        Universidade Estadual de São Paulo / Botucatu-SP
    Fernando Manicardi
        Guaporé Pecuária S. A. / Pontes e Lacerda-MT
    Paulo Roberto Leme
        Universidade de São Paulo / Pirassununga-SP
    Raysildo Barbosa Lôbo
        Universidade de São Paulo / Ribeirão Preto-SP
    Roberto D. Sainz
        Department of Animal Science - University of California / Davis-CA-USA

    (1) Professor da University of California, Department of Animal Science, Davis, CA USA 95616
    rdsainz@ucdavis.edu

    (2) Pesquisador da Embrapa Cerrados/Arroz e Feijão, Bolsista do CNPq, Caixa Postal 08223, Planaltina, DF,
    mclaudio@cpac.embrapa.br

    (3) Grupo OB, Pontes e Lacerda - MT, Brasil
    guaporepecuaria@guaporepecuaria.com.br



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