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Impacto da Seleção OB no Melhoramento Genético das Raças Nelore e Brahman


Cláudio de U. Magnabosco (1), Fernando Manicardi (2), Vanessa Barbosa (3), Roberto D. Sainz (4), Fabiano C. R. Araújo (5), Raysildo Barbosa Lôbo (6), Arcádio de los Reyes (7)



A Marca OB vem desenvolvendo desde 2000 um projeto de Conservação de Recursos Genéticos e Melhoramento Genético das raças Nelore e Brahman (PMG-OB), em cooperação com os Programas de Melhoramento Genético da Raça Nelore - PMGRN da USP e Melhoramento Genético de Zebuínos - PMGZ da ABCZ/Embrapa.

Na ausência de diretrizes para a pecuária nacional, os pecuaristas, de maneira geral, deram maior ênfase à seleção para as características morfológicas dos indivíduos em detrimento da seleção para características de produção, verifica-se um estreitamento da base genética destas populações, isto é, os reprodutores disseminadores de genes (material genético), se restringiram a um pequeno número de animais. Em níveis elevados, este fato pode acarretar uma diminuição do potencial produtivo desse valioso material genético, com possibilidade de trazer sérias consequências para a pecuária zebuína nacional a médio prazo.

Mediante a necessidade de um estudo mais detalhado de caracterização das linhagens, a Marca OB vem trabalhando em um projeto de conservação e multiplicação de material genético da raça Nelore objetivando o incremento da variabilidade genética da raça. Visto que, a diminuição da variabilidade genética tem tornado difícil a obtenção de respostas em muitos programas de seleção, em função da diminuição da variância genética aditiva, tornando a produção cada vez mais reduzida. Essas ações contemplam o uso de ferramentas de acasalamento genético dirigido com o objetivo de recuperar linhagens praticamente extintas no cenário nacional e também buscar a obtenção de produtos de grande potencial econômico, porém com origem distinta de tudo que está sendo ofertado no mercado atual do Brasil. Para isso a Marca OB vem trabalhando na preservação in situ de animais vivos nas suas fazendas e a preservação ex situ de sêmen e embriões pela criopreservação que compõem o Banco de Linhagens da Marca OB. São cerca de 150.000 doses de sêmen de 13 linhagens da raça Nelore.

A partir dos resultados de Avaliações Genéticas recebidas do PMGRN - USP, coordenado pelo Prof. Raysildo Lobo, é realizada uma programação de acasalamentos dirigidos por simulação genética, cujo objetivo é a obtenção de produtos sempre positivos para os critérios de seleção escolhidos pela Marca OB. Os principais critérios contemplados são: a habilidade maternal, o crescimento e a precocidade sexual. Este sistema permite também evitar a consanguinidade do produto futuro, promover combinações favoráveis de linhagens, além de utilizar também informações do índice morfológico OB (escore visual) dos animais utilizados no acasalamento. Com a utilização deste sistema, a Marca OB promove incremento no progresso genético anual e por gerações de seu rebanho, repassando aos clientes sempre animais de alto potencial.

Essa filosofia já vem apresentando bons resultados, pois verifica-se que das 10 DEPs contempladas pelo Sumário do PMGRN em 2002, os touros OB aparecem no sumário de touros líderes em 7 características de reprodução e produção.

São usados como critérios de seleção dos touros: a avaliação genética usando as DEPs para habilidade maternal, peso e fertilidade, avaliação genética usando as DEPs de carcaça (área de olho de lombo, espessura de gordura na 12ª-13ª costela e espessura de gordura na garupa). Recentemente foi implementada no Programa de Melhoramento Genético OB, a avaliação funcional Índice Morfológico da Marca OB, OB-IM; com o intuito de avaliar os animais para as características de Musculosidade, Estrutura Física, Aspectos Raciais, Conformação, Umbigo, Sacro , Caráter Mocho e Pigmentação. (Este índice de avaliação funcional da Marca OB está intimamente relacionado com o MERCO e o EPMURAS). Essas características morfológicas são muito importantes para o selecionador, pois auxiliam na definição do biótipo ideal para cada sistema de produção, além de agregar grande valor comercial a cada animal.

Segue abaixo (tabela 1) uma pequena apresentação dos frutos obtidos através de um rigoroso critério de seleção e acasalamentos dirigidos. Dentre estes jovens reprodutores, serão selecionados os reservas da geração 2001 para teste de progênie.


  • Tabela 1:
    Avaliação Genética de touros frutos da seleção OB

    RGN Nascto Nome Pai MGT
    OBG 6679 27/08/01 Angico OB Hasik 1.72
    OBG 7034 29/09/01 Feriado OB Galanthe 1.66
    OBG 7026 26/09/01 Achego OB Bongo 1.45
    OBG 6755 31/08/01 Brilho OB Chodó 1.38
    OBG 7153 21/10/01 Insulto OB Bitelo 1.24
    OBG 7156 22/10/01 Integral OB Elétrico OB 1.24
    OBG 7751 06/12/01 Sonolento OB Dalamu OB 1.23
    OBG 6892 13/09/01 Delegado OB Dalamu OB 1.17
    OBG 6130 22/01/01 Sharp OB Erechim 1.16
    OBG 6707 29/08/01 Azulão OB Erechim 1.12
    OBG 6644 26/08/01 Alagoano OB Lajedo OB 1.11
    OBG 7028 26/09/01 Federal OB Erechim 1.11
    OBG 6950 18/09/01 Elemento OB Chodó 1.09
    OBG 7080 10/10/01 Guaxupé OB Chodó 1.07
    OBG 6881 12/09/01 Dado OB Paraíso OB 1.04


    Com o objetivo de se incrementar as características de fertilidade, principalmente a precocidade sexual, foi proposta e incluída no Programa de Simulação Genética de Acasalamentos a avaliação de Circunferência Escrotal aos 450 e/ou 550 dias de idade. Nos acasalamentos 2003/2004 foi recomendado a intensa utilização de touros da Marca OB que tenham bons MGTs e principalmente boas DEPs para Perímetro escrotal (tabela 2)

  • Tabela 2:
    Avaliação Genética de touros indicados para incrementar na precocidade sexual

    RGN Nascto Nome Pai MGT
    OBG 1986 30/06/99 Açougueiro OB Tráfico OB 1.48
    OBG 1996 02/07/99 Adultério OB Dalamu OB 1.00
    OBG 5410 14/11/00 Espelho OB Erechim 1.56
    OBG 7034 29/09/01 Feriado OB Galanthe 1.66
    OBG 6181 02/02/01 Gaveto OB Lajedo OB 0.52
    OBG 3845 22/01/00 Parafuso OB Tráfico OB 1.37
    D 13 05/06/96 Paraíso OB Dingo OB 1.17


    Brevemente, o sêmen destes reprodutores serão disponibilizados para comercialização.

    Marca OB busca sempre aperfeiçoar e selecionar o que existe de melhor, faz acompanhamento e avaliação dos núcleos de touros jovens e novilhas. Vem sendo realizada a identificação anual das novilhas (TOP20%) precoces assim como os touros jovens TOP1% de cada safra, com prioridade para fertilidade, habilidade maternal, crescimento e escore visual (OB_IM). O uso desta estratégia permite que o ganho genético do rebanho seja acelerado, diminuindo significativamente o intervalo entre gerações, além de permitir a obtenção de animais especialistas para características desejadas.

    Este estudo é feito visando a identificação, e desta forma, multiplicação dos animais mais precoces e reduzir o número de animais tardios, agilizando o progresso genético para fertilidade e precocidade. Alguns resultados da busca pela precocidade sexual já aparecem, sendo que os dois reprodutores líderes para precocidade sexual do Sumário do PMGRN/2003, são da Marca OB, Caetê OB e Dólar OB, respectivamente.

    A Marca OB busca o aperfeiçoamento continuo da produção, e atualmente conta com um projeto de avaliação de carcaças para maior rendimento, acabamento e maciez de carne. Para acompanhar a demanda e os avanços da pecuária de corte mundial, o Brasil vem atravessando por um período de mudanças, com enormes oportunidades e desafios à sua frente. A importância das garantias de qualidade são demonstradas pelo sucesso de programas de carne certificada, como por exemplo o Certified Angus Beef ®, que desde a sua implementação em 1978, tem crescido aproximadamente 20% ao ano (AAA, 2001). Atualmente, estes programas representam o valor agregado da carne certificada, acima da carne como commodity, com um diferencial no preço. No futuro, a garantia de qualidade já não será um diferencial, mas uma condição básica para manter espaço para o produto no mercado. Para garantir a segurança e a qualidade da carne, será necessário desenvolver programas de 1) rastreabilidade, e 2) de seleção genética para qualidade de carcaça (Sainz e Araujo, 2002).

    Diante desta demanda e para auxiliar os selecionados na tomada de decisão, a Marca Nelore OB foi uma das pioneiras e incrementou para a raça, a tecnologia de avaliação da qualidade da carcaça através da utilização da ultra-sonografia. Atualmente, já estão sendo disponibilizados aos clientes, as avaliações genéticas referentes às análises de carcaça.

    Na seleção para uma melhor qualidade de carcaça é necessário mensurar as características que determinam a sua qualidade, identificando-se assim aqueles animais que produzem maior rendimento e qualidade de carne. Com o desenvolvimento da tecnologia de ultra-sonografia, tornou-se mais fácil, rápido e barato fazer as medições de carcaça no próprio animal vivo, conseguindo assim dados a um ano de idade. As características da carcaça que podem ser medidas no animal vivo por ultra-sonografia são (Figura 1): área do olho do lombo (Figura 2), gordura de cobertura, gordura da garupa (Figura 3) e porcentagem de gordura intramuscular ou marmoreio.

    Figura 1: Locais das medidas de ultra-som


    Figura 2: Imagem do músculo Longissimus dorsi (Área de Olho do lombo)



    Figura 3: Imagem da garupa (usada para medir espessura de gordura)



    A ultra-sonografia apresenta muitas vantagens para a avaliação genética de qualidade de carcaça, permitindo a análise precoce dos animais para seleção sem necessidade de abate. Os resultados estão disponíveis antes da primeira estação de monta. Ademais, a ultra-sonografia pode ser utilizada como um auxílio ao julgamento visual na pista, acrescentando mais objetividade neste processo. Os mercados de exportação requerem maior qualidade mas em contrapartida são os que melhor remuneram os nossos produtos de origem animal. A tecnologia de ultra-som é uma ferramenta poderosa que pode ajudar o Brasil a competir no mercado internacional, oferecendo a qualidade requerida por diferentes mercados consumidores (Sainz e Araujo, 2002).

    Nesse contexto, a Marca Nelore OB utiliza desta tecnologia com o intuito de predizer o valor genético de touros jovens, criados a pasto, para as características de qualidade e aproveitamento total da carcaça, resultando em progênies com menor idade ao abate e maior rendimento e qualidade de carcaça.

    Além de sempre contribuir para o crescimento da pecuária nacional disponibilizando produtos de qualidade, a Marca Nelore OB, procura sempre ajudar e disponibilizar produtos e tecnologias de qualidade para incrementar na eficiência da produção.

    Foi confeccionada, recentemente, uma fita métrica destinada a medição do perímetro torácico que prediz o peso ao nascer na raça Nelore

    A avaliação genética para peso ao nascer é recomendada e incluída como critério de seleção em vários programas de melhoramento genético de bovinos de corte. Sua importância econômica é inquestionável, pois está relacionada com dificuldades ao parto, levando a um incremento do intervalo entre partos e mortalidade de vacas, consequentemente, aumento nos custos de produção.

    Preocupada com este item fundamental na produção e devido às dificuldades para a obtenção destas medidas em grandes rebanhos de seleção a campo, a Marca OB desenvolveu um método de estimação do peso ao nascer sem que o animal tenha que passar pela balança. Trata-se da medição do perímetro torácico, que a partir de trabalho de resultados de pesquisa, confirmou a eficácia deste método de predição, que apresenta margem de erro de 10%, considerada aceitável pelos pesquisadores.

    O Programa de Melhoramento Genético OB representa um investimento em tecnologia de ponta para avançar os atuais conhecimentos sobre a raça Nelore e a raça Brahman, agregando produtividade a sua propriedade.


    (1) Pesquisador da Embrapa Cerrados/Arroz e Feijão, Bolsista do CNPq, Caixa Postal 08223, Planaltina/DF
    mclaudio@cpac.embrapa.br

    (2) Grupo OB, Pontes e Lacerda/MT, Brasil
    guaporepecuaria@guaporepecuaria.com.br

    (3) Mestranda da Universidade Federal de Goiás, Bolsista CNPq, Embrapa Cerrados, Caixa Postal 08223, Planaltina/DF
    vbarbosa@cnpaf.embrapa.br

    (4) Professor da University of California, Department of Animal Science, Davis, CA USA 956,
    rdsainz@ucdavis.edu

    (5) Mestrando da University of California, Davis, USA 95616,
    frca@terra.com.br

    (6) Professor Associado, FMRP-USP, Ribeirão Preto/ SP
    rayblobo@genbov.fmrp.usp.br

    (7) Professor da Universidade Federal de Goiás
    adreyesb@vet.ufg.br



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